terça-feira, 26 de maio de 2015

VI – o “fim”

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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“Aquela foi a menor distância entre piedade e vingança jamais presenciada.”

§

Ironicamente, mesmo ainda não totalmente claro sobre quem dirigiu aquela tragédia, parece ter sido intencional deixar que os olhos dele finalmente queimassem um pouco mais tarde do que a lógica da geometria explicaria. Pois, talvez assim, ele tivesse alguns poucos segundos a mais para assisti-la sumir na fumaça branca, e ter a oportunidade de respirar a si mesmo, na ocasião, se dispersando pela casa.

Também não ficou claro exatamente em que momento ele perdeu a consciência, ou mesmo se ele a perdeu. A tragédia toda durou menos de uma dezena de segundos. Dele, nada visível aos olhos restou, quanto ao invisível, talvez a esperança e a vontade, impregnadas nas paredes e móveis, recusando deixar aquela casa.

Por volta do último momento ainda capaz, se ouviu três exclamações; numa sequência serena; asfixiado e cegado; indignado com o fim; gritando e chorando fumaça:

_Onde você está? Onde você está? Eu não consigo te ver!

§

Inspirado na passagem de Romeu e Julieta:

Essas alegrias violentas têm fins violentos.
E falecem no triunfo.
 Como fogo e pólvora que, num beijo, se consomem.


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