Um dia, eu e você, éramos nada além da coisa mais simples do universo
espalhada pela vastidão do nada.
Atração mútua colou a nós, um pedaço de tudo, juntos. E o calor da
proximidade, ausente individualmente, nos permitiu queimar.
Em algum momento perto de um dos fins do sempre, nós explodimos. Nós
mudamos.
Mesmo que por poucos instantes mudamos tantas vezes que nós fomos,
literalmente, tudo. E aquele foi o evento mais vivo do universo. Uma gigantesca
explosão brilhante iluminando todo o nada com se realmente houvesse alguma
coisa muito importante admirando a cena a partir de todos os lugares.
Bem, você esteve aqui desde sempre: Do ‘nada’ para ‘quase nada’, então
‘muitas coisas’ e, agora, ‘você’.
Eu gosto de pensar que talvez um pouco de você estivesse nos olhos do
primeiro animal a conseguir voar; ou nas garras de uma mãe leoa protegendo seu
filho. Talvez um pouco do coelho que precisou voluntariamente saltar no fogo
para alimentar o peregrino. Uma árvore ou uma flor. Talvez uma fruta ou, por
sorte, uma semente. Chuva!
É engraçado. Soa um tanto como um sarcasmo inconsistente: da explosão mais
brilhante do universo, capaz até mesmo de cegar um Deus, as únicas fagulhas que
ainda parecem se importar em reviver essa história antiga são as chamas
vermelhas daquelas velas refletidas nos seus grandes olhos pretos. Como duas
estrelas rubras, vistas de longe, abandonadas às suas próprias sortes.
§
A
inspiração deste texto nunca o leu… Certamente nunca lerá.
Maio de 2015
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