terça-feira, 26 de maio de 2015

Prólogo

Em uma garagem comum, estava ele, carregando mais malas do que confortavelmente poderia. Acabara de chegar de uma longa viagem. Uma enorme e entediante viagem, tal como todas desse tipo são. Estar em um carro por dezenas de horas poderia enlouquecer um fraco, mas, como ele mesmo costumava brincar, “não se podem queimar cinzas” e, por isso, perder a sanidade parecia não o intimidar.

Naquele dia ele estaria completamente satisfeito apenas em chegar até a porta, entrar na casa e ir para seu quarto. E, sim, era assim que tradicionalmente a lógica procederia, e ele não tinha motivos para duvidar da previsibilidade da lógica: O sol nascia todos os dias e parecia estúpido até mesmo imaginar uma manhã em que ele se esqueceria de surgir.
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I – centelha

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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“Por definição o acaso é incapaz de ser previsto. É daí, somente daí, que vem tudo o que ele causa.”

“Manipular a velocidade torna um presente o meio perfeito para paralisar uma alma temporariamente.”

“Mãos são perfeitas para segurar pessoas que você deseja há muito tão logo elas estejam perto o suficiente.”

“... querer tanto quanto um pavio existe para queimar.”

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Já na sala de visita, o primeiro lugar em que se pisava ao entrar na casa, ele varreu o sítio com um olhar despretensioso. Da perspectiva de um animal comum foi apenas uma reação evolutiva; uma maneira de certificar que naquela sala não havia coisa alguma que pudesse ameaçá-lo, matá-lo ou interessá-lo. Naquele dia a evolução fez certo em alertar: havia na sala algo que poderia assumir qualquer uma destas três possibilidades e em qualquer combinação.

Em câmera lenta talvez fosse possível perceber pelo olhar dele o instante em que o susto desmontou sua percepção do mundo. Congelado como uma vítima, ele esqueceu qualquer instinto de segurança ao perceber, tão subitamente quanto as leis da natureza permitiriam que, finalmente, lá estava Ela, de pé, no lado mais oposto da sala.

_Isso é algum tipo de...?! – Enquanto se dirigia em silêncio ao seu próprio senso de lógica ele falhou em digerir o cenário.

A visão no fim da sala, causadora da interrogação mal sucedida, era a de uma garota jovem, baixa, de cabelos pretos, amável e frágil. Alguém que ele amava mais do que jamais amou mesmo a si mesmo – definição corrente de amor entre os poetas. Alguém que ele conhecia bem, desde longo tempo, desde que suas expectativas começaram a se aglomerar num círculo maníaco tão autoconsciente quanto auto-alimentado – definição corrente de paixão entre os poetas.

Para ele não fazer nada não era uma opção. E aquilo tinha que – precisava – ser imediato e, por isso, foi. Naquele dia pareceu não haver nada grande, forte ou persuasivo o suficiente ao ponto de convencer alguém de que algo pudesse impedir aquele homem de alcançar o outro lado da sala. Até mesmo uma colina inspirava não mais do que atrasá-lo.

Em justa resposta, ela permaneceu imóvel – uma estátua morna. Cada passo dele os colocava em uma proximidade inédita. E em algum lugar em torno do contato imediato, ele ergueu as mãos na direção do rosto dela. Ele definitivamente a queria.

Face: Dedos abertos apertando da nuca às maças do rosto.

Beijo: O fim perfeito.
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II – calor

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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“Pressionar é um suspiro inconsciente do medo de perder.”

“A sensatez é tão perigosa quanto irritante, porque é tão boa em inverter papéis quanto é arrogante. A natureza humana tem instinto de evitá-la. Confronte um apaixonado e sensatez e verá a figura da confusão de uma criança segurando pedaços de carvão aos pés de uma árvore de natal.”

“Diferentemente da lógica, obsessões se alimentam de convicções sem reputação. Mentiras criadas e acreditadas por que convém. Obsessões estão sempre distraídas demais para perceber.”

§

Se algo chamava atenção de longe, era o modo como as mãos dele seguravam o rosto dela. Assistir àquilo era o mesmo que testemunhar a figura da própria realidade, mas bêbada e tentando fingir estar bem. Quem, de alguma forma, pudesse ter acompanhado o casamento entre as peles desde seu início – como os gestos se sucederam – teria reconsiderado a própria sanidade sem capricho algum. Naquele ponto nem ao menos a própria situação se incomodava em fazer público que já não garantia qualquer apreço à lógica, por isso, não haveria sentido em espanto algum quando fumaça branca começasse a escapar por entre os dedos que abraçavam a carne do rosto. Ainda tímida, mas o suficiente para se enxergar, havia fumaça; aumentando e espalhando tal como se seguisse o curso de alguma sensação comum aos dois.

Até então a situação parecia ainda não haver se posicionado sobre ser uma oportunidade ou uma armadilha. Um pouco de piedade nesta decisão seria justa; ele não era muito mais do que uma vítima mortalmente contaminada por todas as enfermidades de poetas conhecidas.
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III – pólvoras e pavios

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“A Pólvora existe para se transformar totalmente em fumaça quando queimada, isso já sugere seu poder de matar pessoas de centenas de jeitos diferentes, assim como o de sumir subitamente como forma de insinuar o máximo possível de indiferença.”

“A pólvora negra o tipo mais antigo delas: um sal especial, carvão, enxofre – a história diz que provavelmente foi inventada por acidente, enquanto magos misturavam pós com significados especialmente terríveis durante rituais místicos. Só mais tarde descobriram, num uso secundário, que ela podia empurrar projéteis para fora de tubos de metal... Nem ao menos um marco na história. Ela só acabara de ganhar uma nova utilidade tão entediante quanto um punhado de nada.”

“Pólvora negra, na definição do prefixo, se torna em fumaça quando queimada, mas, particularmente, em uma quantidade injusta de uma fumaça tão branca quanto densa. Um punhado a queimar em uma sala pequena é o suficiente para que uma pessoa comum, durante o tempo que resistir à atmosfera intoxicante, não consiga identificar móvel algum que ali estiver. Ela é a versão sádica das pólvoras.“

“O pavio é como pólvora na forma de cordão. Serve para transportar fogo de um lado para o outro. Sua especialidade não é exatamente matar e é certo que ele nunca conseguiria lidar indiferentemente com a ideia de fazê-lo diretamente. Ele não foi exatamente educado para isso... É frequentemente descrito como um homicida culposo de crimes perfeitos.”

“’Você não pode parar a pólvora de queimar, apesar de poder cessar um pavio, bastando apenas cortá-lo no ponto certo.’ Nunca ficou suficientemente claro o que estas aspas querem dizer. Parecem sugerir temperamentos, mas falham em alertar os desavisados quanto ao que um pavio pode fazer caso não o impeçam, pois não há distinção prática entre um pavio curto e grosso e um punhado de pólvora.“

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IV – ignição

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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 “O fogo se empenha em eliminar com maestria e covardia o que lhe é ordenado.”

“Pólvora não existe para espalhar o amor. Ela existe para levar um dos amantes e livrar o outro. A pólvora sabe que apenas pessoas vivas podem a sofrer.”

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E do calor e da fumaça tímida vinda do amor e do toque entre suas diferenças, um curto flash prateado ecoou na sala, como uma fotografia, eternizando aquelas sensações na parte de dentro das pálpebras dos dois. Dentre todos os outros, aquele instante foi o que mais mereceu ser chamado de início.

Amável e suavemente, a partir do segundo exatamente após o flash vindo da mão direita dele, seu corpo tornaria em um grande pavio vivo, pois acabava de começar algo impossível de se parar: Fogo determinado.

E o fogo fez seu trabalho, flamejando num brilho instável, ofuscado e dispersado pela própria fumaça. Cada única coisa na pobre sala de visitas respondia ao massivo calor da queima: sofás, paredes, janelas; que muito embora inanimados, se incomodavam com o brilho, ao serem forçados pela inércia a assistir um espantalho ambulante, impregnado em pólvora por entre cada folha de palha que dava forma à sua falsa silhueta humana, brilhar forte como não diferente de pólvora negra a queimar.

Subindo pelo braço e gradualmente o envolvendo, ele estava à mercê da chama que se ocupava apenas em decidir para onde seguir. Ao arder, nem ao menos sobravam cinzas. Como sua esperança, ele evaporava de maneira irreversível, e cada grão de pólvora tinha em mente garantir o cumprimento desse detalhe.
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V – vida

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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Era impressionante como em momento algum ele inspirou agonia. Nem a magnitude da situação, nem o fato de ele ser o protagonista pareciam inquietá-lo. Era apenas frustração silenciosa.

Aquela hostilidade lhe era inédita. Ao invés, a vida sempre pareceu preferir lhe dar sucessivas chances, muitas vezes para uma mesma situação, envolvendo os mesmos personagens. A vida até parecia manipular a piedade alheia para privilegiá-lo. Mas manipular piedade pode significar justamente não ter piedade ou senso de justiça algum. Por isso, há motivos para acreditar que a vida foi um tanto sadista e que, na verdade, apreciava assisti-lo incapaz de lidar com as próprias vontades na medida em que elas tornavam em medos mais rápido do que ele conseguia reverter. Ciclicamente, vez após vez, a cada nova oportunidade.

Se fosse o caso, um fim precisaria ser providenciado na rigorosa definição da palavra, pois desde muito se sabia que, pare ele, o fim era frequentemente encarado e tratado como uma pausa simples. Eventualmente, pará-lo requereria muita energia.
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VI – o “fim”

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
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“Aquela foi a menor distância entre piedade e vingança jamais presenciada.”

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Ironicamente, mesmo ainda não totalmente claro sobre quem dirigiu aquela tragédia, parece ter sido intencional deixar que os olhos dele finalmente queimassem um pouco mais tarde do que a lógica da geometria explicaria. Pois, talvez assim, ele tivesse alguns poucos segundos a mais para assisti-la sumir na fumaça branca, e ter a oportunidade de respirar a si mesmo, na ocasião, se dispersando pela casa.

Também não ficou claro exatamente em que momento ele perdeu a consciência, ou mesmo se ele a perdeu. A tragédia toda durou menos de uma dezena de segundos. Dele, nada visível aos olhos restou, quanto ao invisível, talvez a esperança e a vontade, impregnadas nas paredes e móveis, recusando deixar aquela casa.

Por volta do último momento ainda capaz, se ouviu três exclamações; numa sequência serena; asfixiado e cegado; indignado com o fim; gritando e chorando fumaça:

_Onde você está? Onde você está? Eu não consigo te ver!

§

Inspirado na passagem de Romeu e Julieta:

Essas alegrias violentas têm fins violentos.
E falecem no triunfo.
 Como fogo e pólvora que, num beijo, se consomem.


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Tema

“Para ser honesto eu não sei o que estou procurando – quem ser. Sentado aqui com uma vez antes, semanas atrás, apenas esperando por uma batida naquela porta. E eu abandonei tudo o que eu pensava ser eu para ter certeza se foi você ou eu mesmo quem me fez sentir tão livre e real. Mas quando nos beijamos eu não sei... Eu simplesmente não sei. Porque deixa um gosto de vazio e eu penso “E se eu estiver apenas deprimido?” Cego. Apenas buscando descanso da minha própria mente aqui em Budapeste. Confundindo entusiasmo com a alegria de ser abençoado com o êxtase do auto escape enquanto nos beijamos. E misturando a mim desestressado com você despida e o gosto de ser verdade com o gosto fresco de eu e você enquanto nos tocamos? Eu não sei. Mas eu vi muito de mim em você; o eu de quem eu sentia falta; o ‘jovem e livre’ em você. Mas ainda não significa nada; pode não significar nada sobre eu precisar de você. Mas eu acho que a gente teve que se encontrar, que ficar perto... e ainda, querida, além desta cama e daquela porta, pra ser honesto, eu temo... eu simplesmente não sei.”

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_Foi você quem escreveu isso? – Perguntou Grylls, o urso de pelúcia.

_Não, Urso. Não escrevi. Foi Daniel Gildenlöw quem escreveu.

_Você vai dizer isso para aquela garota?

_Não.

_Por quê?

_Porque é errado, Urso.

_Hm. Não deveria ser errado.

_Urso, você sabe como eles chamam aos que conhecem bastante sobre amor? Poetas. Ateus são os que conhecem muito sobre Deus. O ponto é que entender o amor – ou matá-lo – não dá a ninguém razão para odiar o que ele costumava ser. Enquanto conhecer Deus muito bem é o único caminho por onde alguém pode encontrar um motivo legítimo para odiá-lo. O poeta sente saudades de suas crenças antigas exatamente como ele sentiria de um bom amigo que partiu... É por isso que poetas escrevem com tanta angústia: eles estão em luto. Guarde isso como segredo, Urso: o amor romântico verdadeiro é sujo... poemas são flechas que saem pela culatra.

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A inspiração deste texto nunca o leu… Certamente nunca lerá.

Maio de 2015

Theme

“To be honest I don't know what I'm looking for - who to be. Sitting here as once before, weeks ago, just waiting for a knock on that door. And I have left all I thought was me to find out, to make sure if it was you or me that made me feel so free and real. But when we kiss I don't know… I just don't know. 'Cause it leaves a taste of emptiness and I think “What if I'm simply depressed?” Blind. Just finding rest from my mind here in Budapest? Confusing zest with the joy of being blessed with the bliss of self-escape as we kiss? And mixing my being unstressed with your being undressed and the taste of being true with the fresh taste of me and you as we touch? I don't know. But I saw so much of me in you; the me I've missed; the ‘young and free’ in you. But still that doesn't mean a thing; may not mean anything about me needing you. But I guess we had to meet, to be near, to make sure… And still, my dear, beyond this bed and that door, to be honest, I fear… I just don't know.”

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_Did you write this? – Asked Grylls, the stuffed Bear.

_No, Bear, I didn`t. Daniel Gildenlöw did.

_Will you say this to that girl?

_No.

_Why?

_Coz it`s wrong, Bear.

_Hm. It was not supposed to be wrong. – He doesn`t even human.

_Bear, you know what they call the ones who know a lot about love? Poets. Atheists are the ones who know a lot about God. The point is that understanding love – or killing it – gives one no reason to hate whatever it used to be. Whereas knowing God pretty well is the only way one can ever find a legitimate reason hate him. A poet misses his past beliefs just like he would miss a good friend who passed away… That`s why poets write with deep sorrow: they are mourning. Keep it a secret, Bear: actual romantic love is muddy... poems are backfiring arrows.

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The inspiration for this text has never read it before... She probably never will.

May, 2015

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Supernova (en)

One day we, me and you, were nothing but the simplest thing in universe spread among the vastness nothing.

Mutual attraction brought us, a piece of all, together. And the heat of proximity, absent individually, allowed us to burn.

Somehow near one of the ends of forever, we exploded. We changed.

Even for a few instants we changed so many times that we were literally everything. And that was the sunniest event of the universe. A huge explosive shine lighting the nothing as if there was something truly important admiring it from everywhere.

So you’ve been somehow here since forever: From ‘nothing’ to ‘almost nothing’, then ‘many things’ and, now, ‘you’.

I like to think that maybe some of you were in the eyes of the first animal who ever succeed flying; or the claws of a mother lioness saving her son. Maybe some of the rabbit who had to willingly jump into fire to feed the pilgrim. A tree or a flower. Perhaps a fruit or, lucky, a seed. Rain!

It’s funny. It’s kind of an inconsistent sarcasm: from the brightest event of the entire universe, able to even blind a God, it seems that the only sparks which still care to revisit this ancient story are the red flames from those candles reflected in your big black eyes. As if two glowing stars, watched from far, abandoned to their own fates.

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The inspiration for this text has never read it before... She probably never will.

Supernova (pt)

Um dia, eu e você, éramos nada além da coisa mais simples do universo espalhada pela vastidão do nada.

Atração mútua colou a nós, um pedaço de tudo, juntos. E o calor da proximidade, ausente individualmente, nos permitiu queimar.

Em algum momento perto de um dos fins do sempre, nós explodimos. Nós mudamos.

Mesmo que por poucos instantes mudamos tantas vezes que nós fomos, literalmente, tudo. E aquele foi o evento mais vivo do universo. Uma gigantesca explosão brilhante iluminando todo o nada com se realmente houvesse alguma coisa muito importante admirando a cena a partir de todos os lugares.

Bem, você esteve aqui desde sempre: Do ‘nada’ para ‘quase nada’, então ‘muitas coisas’ e, agora, ‘você’.

Eu gosto de pensar que talvez um pouco de você estivesse nos olhos do primeiro animal a conseguir voar; ou nas garras de uma mãe leoa protegendo seu filho. Talvez um pouco do coelho que precisou voluntariamente saltar no fogo para alimentar o peregrino. Uma árvore ou uma flor. Talvez uma fruta ou, por sorte, uma semente. Chuva!

É engraçado. Soa um tanto como um sarcasmo inconsistente: da explosão mais brilhante do universo, capaz até mesmo de cegar um Deus, as únicas fagulhas que ainda parecem se importar em reviver essa história antiga são as chamas vermelhas daquelas velas refletidas nos seus grandes olhos pretos. Como duas estrelas rubras, vistas de longe, abandonadas às suas próprias sortes.

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A inspiração deste texto nunca o leu… Certamente nunca lerá.

Maio de 2015

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Wild Fish


People closer to me use to say I have the emotionally detached spirit of wild horse. I am always willing to go. It never seems like I would abandon myself to the control of any force indefinitely. I am always like moving to a prettier meadow, a shelter land, and at no time likely to stay within the range of the uncomfortable.

By definition it is different from escaping. Once, as he leaves, the horse never seems wroth. His face is weakly eloquent, so, whenever runs away he looks nothing but unaffected. Not even relieved. He only immediately runs freely towards a better place. He would never employ time trying to get used with a specific situation. He still has the whole world to try, and even having no sense of death – or, end – he is not striving to avoid the picture of an eternal life of escaping. He just promptly gallops to a better paradise, with clearer lakes and fresher grass. The wind in his mane is the only evidence of whatever he is possible feeling.

… But the fish idea is additionally interesting.

By the way, have you ever heard of Astrid van der Veen?

She is a lovely young Dutch singer with and angel-like voice. Astrid is my favorite female voice ever and one of the tree people who I believe write lyrics worth reading. She turns voice from an ordinary musical instrument into a stream of practical and unhypocritical philosophy for a life.

She has a certain song named No Sand. Despite the gloomy lyrics and melody, No Sand is touching, deep and real. It was written during a bad period of her life, together with the remaining songs of Seamless Borderline – the album. Among all lyrics, it is the one which stronger suggest her will to overcome that unhappy stage – just as she did, by the way.

In this song she refers to “the free” as a wild fish. The entire song revolves the fish idea and the most important tools to keep him free: his fins. Those are the ones he needs to defend from whoever attempts to hit him.

And whenever I think of a wild fish – living thousands of kilometers away from the mainland, free to go anywhere bellow the mirror-like ocean surface, slippy and slipping through the water as if softly flying in the air – I realize that this is the freest thing I could ever imagine. The fish doesn`t give a shit to the world. And he does not even appear impressed with this condition. He is unaffected, because he is simply unable to ever think of been captive. He does not even know what a cage is.

To be honest I do agree with – I am also proud of – the wild horse stereotype, but I still have a couple of more years to become a fish, I think. Despite fish and horse are clearly similar when metaphorically described, the “flying in water” idea kind of feels way shelter than the hoof hitting the grass.

In fact the small victories along the way have been giving me more pride than the final achievement will possible give but, by the end, I just want to be a man walking by street and appear to whoever glance me as if I have been forever swimming free like a wild fish in the sea.

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April, 2015

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“(…) So swim away from the land and no sand. Just be a wild fish till the end. And throw out the lies, the but`s and denies, and never, never pretend.” - Astrid van der Veen