sábado, 15 de outubro de 2011

Sim

Esse texto deveria ser a introdução de um conto inteiro. Eu cheguei a estruturar o restante da história, mas me faltou inspiração. No entanto estou certo que algum dia o concluirei.



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Sim

_Na alegria e na tristeza...
_Na saúde e na doença...
_Até que a morte os separe.

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As pessoas vão à cerimônias de casamento certas de que verão e ouvirão o que sempre viram e ouviram, tal como estão certas de que o sol nascerá amanhã, porque ele tem nascido desde o dia em que se entendem por gente. Tornou-se um evento sem sentido, onde não são feitas perguntas responsáveis ao casal, mas sim, onde textos ensaiados são repetidos pela última vez. 

A religião em si não teve sentido nem se quer durante sua concepção. Ela foi criada para educar os ignorantes, açoitando-os com pânico de demônios e sofrimento infinito. Por isso, nunca entendi a razão das belas parábolas por trás dos livros religiosos, uma vez que o medo que estes mesmos registros causavam, a princípio, era muito maior do que qualquer amor ou remorso que pudesse se despertar no coração daqueles indivíduos. Broncos que, sem questionar, aceitaram seu papel no universo e vivem pressionados pelo paradoxo de um ser que deveria ser a definição do amor, mas que não tem receio de punir desproporcionalmente um de seus filhos.

Deus foi adaptado para a realidade atual, até o ponto onde a ciência fez ruir a idéia desse ser. Mas mesmo depois de se ver livre das pragas e demônios, a humanidade não foi capaz de garimpar o significado dos textos religiosos. E a religião, de uma vez por todas, mostrou-se incapaz de realizar a única coisa para a qual dizem ter sido criada: Dar uma razão para que as pessoas sejam boas, façam coisas boas e se sintam bem por se manterem assim.

Mas o que esperar de indivíduos que nem ao menos são capazes de entender o significado de um sim?
 
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A inspiração deste texto nunca o leu... Certamente nunca lerá.

Maio e Junho de 2011


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eu queria


Um texto curto.

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Eu queria


Se eu pudesse eu te colocaria de castigo... aqui, sentada na minha frente.

Só pra ver seu desajeito em fazer qualquer coisa com as unhas grandes. E como você passa o cabelo pra traz da orelha e, vez ou outra, olha para baixo. Pra poder observar sem pressa o padrão descontraído com que seus cabelos se acomodam sobre seus ombros e acariciam seu rosto. E as linhas perfeitamente concordadas que silhuetam seu corpo, amenas como um gesto que as desenha no ar.

Porque você é de uma beleza tão ingênua que eu não me sinto bem em largar por aí. 

§

A inspiração deste texto nunca o leu... Certamente nunca lerá.


Setembro e outubro de 2011