terça-feira, 26 de maio de 2015

V – vida

Se ainda não leu, volte para a primeira parte :) 
_________________________

Era impressionante como em momento algum ele inspirou agonia. Nem a magnitude da situação, nem o fato de ele ser o protagonista pareciam inquietá-lo. Era apenas frustração silenciosa.

Aquela hostilidade lhe era inédita. Ao invés, a vida sempre pareceu preferir lhe dar sucessivas chances, muitas vezes para uma mesma situação, envolvendo os mesmos personagens. A vida até parecia manipular a piedade alheia para privilegiá-lo. Mas manipular piedade pode significar justamente não ter piedade ou senso de justiça algum. Por isso, há motivos para acreditar que a vida foi um tanto sadista e que, na verdade, apreciava assisti-lo incapaz de lidar com as próprias vontades na medida em que elas tornavam em medos mais rápido do que ele conseguia reverter. Ciclicamente, vez após vez, a cada nova oportunidade.

Se fosse o caso, um fim precisaria ser providenciado na rigorosa definição da palavra, pois desde muito se sabia que, pare ele, o fim era frequentemente encarado e tratado como uma pausa simples. Eventualmente, pará-lo requereria muita energia.
_________________________

Voltar para a primeira parte <<<

Nenhum comentário:

Postar um comentário