A primeira idéia para esse texto surgiu em 2009. Ele lamenta uma situação que passei naquele ano.
Resolvi por reescrevê-lo, em partes, por que estou passando uma situação similar exatamente agora. E também porque algumas das passagens do texto antigo me desagradaram do ponto de vista da escrita.
Ele descreve, confuso e desestruturado, como a minha ansiedade patológica me consome e como sou forçado a tomar medidas incoerentes como única forma de aliviar o desconforto astronômico onde situações normalmente tensas me colocam.
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O vento, a cortina e o copo
“O vento balançava a cortina
Que balançava o copo...”
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Por vezes penso que é melhor nunca tê-la, do que conviver com o medo de perdê-la quando ela está na alçada dos meus braços.
No fim das contas, deve ser menos doloroso estragar tudo com as próprias mãos, do que ter que suportar a irrefutável culpa de tê-lo feito enquanto tentava, justamente, evitar o pior.
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Eu sei o que é o certo a se fazer.
Que as decisões certas podem me deixar orgulhoso.
Mas que algumas vezes eu vou errar de propósito.
As dúvidas, os dias nublados e as lágrimas me ensinam, mas são insuportavelmente dolorosos e, se me for permitido escolher, eu certamente os evitaria.
As pessoas têm a mesma força, mas os mesmos problemas apresentam dificuldades diferentes para pessoas diferentes. Não é certo culpar alguém por ter tomado a decisão que menos o faria sofrer.
... Eu sou tão imaturo e inseguro que me sinto como se me engasgasse na ânsia do choro a cada vez que anoitecesse, temendo que o sol sumisse de vez.
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Alguns seriam indiferentes ao copo.
Saberiam conviver com a dúvida ou com as conseqüências.
E, talvez por isso, ele nunca cairia.
Mas outras o derrubarão.
“O vento balançava a cortina
Que balançava o copo
Então, levantei-me, e o derrubei.”
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A inspiração deste texto nunca o leu... Certamente nunca lerá.
Junho de 2011